Não há dor que cure sem aceitação

Não há dor que cure sem aceitação

Não há dor que cure sem aceitação

Última atualização: 01 de dezembro de 2017

Seja a morte de um ente querido ou o rompimento com seu parceiro, ou muitas outras situações que podem acontecer conosco, em qualquer caso devemos entrar na sala de luto. Às vezes, porém, ficamos presos nesta sala, porque esquecemos que não há luto que cure sem aceitação e, muito menos, sem dor.

Qualquer luto, por definição, exige de nós: vontade, compromisso, fé, energia, etc. Por outro lado, seu passado é conhecido: há uma primeira fase em que negamos o que aconteceu, e depois passamos a nos irritar e sentir raiva por isso, então o mundo cai sobre nós e a tristeza se torna a cor emocional predominante, finalmente aceitamos o que aconteceu. No decorrer de todas essas fases, porém, sofremos e, às vezes, esse sofrimento nos leva a encalhar em algumas delas.



Pode acontecer que passemos muito tempo negando o rompimento que ocorreu: nos dói olhar para o rosto dela. Talvez achemos mais fácil ficar com raiva, culpar os outros ou o mundo pelo que aconteceu. Para isso, ficamos ali, sem nos permitir chorar, ficar tristes, libertar o mal que sentimos dentro de nós.

Não há dor que cure sem dor

Pode parecer um paradoxo, mas é isso: não há dor que cure sem dor. É necessário afundar no poço de nossos sentimentos. Percebendo como nos deixamos cair, enquanto tentamos negar o que aconteceu, ficamos com raiva e, posteriormente, liberamos toda a tristeza que se instalou dentro de nós. É justamente nessa penúltima fase que o desespero vem à tona e a situação se torna mais crítica pelo risco de abandono.


O desespero tira o desejo de fazer qualquer coisa. Leva-nos a sentir-nos vítimas das circunstâncias e leva-nos a um estado de depressão que, com as nossas ações, atraímos inconscientemente. Acreditamos que não temos forças para seguir em frente e sair desse poço em que estamos imersos. Um poço que parece não ter saída.


Tudo isso, ou pelo menos boa parte, é fruto de nossa perspectiva. Então, somos nós que criamos muito da realidade que queremos perceber. De alguma forma, se nesses momentos de dor tão profunda acreditarmos que não temos esperança e que não podemos sair dela, assim será. Nós nos colocamos em um quarto escuro, do qual não podemos sair, não temos forças, por enquanto.

Esse sentimento pode nos manter presos por semanas, até meses. No entanto, a dor que alimentamos acabará por cessar e nos cansaremos desta situação em que nos encontramos envolvidos. Um dia nos levantaremos com o desejo de sair desse poço de tristeza, onde estão nossas próprias lágrimas afogamento.

O terror de sentir emoções

Embora se saiba que não há luto que cure sem dor e aceitação, na próxima vez que entrarmos em seu quarto, provavelmente experimentaremos os mesmos sentimentos e confusão da primeira vez. Isto é porque é muito difícil para nós sentir emoções e por que, quando as sentimos, uma voz interior nos diz que essas emoções durarão para sempre. Portanto, tendemos a fugir.

Quando não temos outra opção a não ser lidar com o que vivenciamos, colocamos em prática estratégias que nos permitem evitar sentir dor. Passamos por todas as fases do luto, uma mais dolorosa que a outra. Tudo para não chegar à fase final. Aquele que tanto evitamos, mas que nos libertará.


O poço não é bem um poço: é um túnel! Temos que passar por isso, entramos e também temos que sair. No entanto, em nosso medo de experimentar, experimentar e aceitar o que vivenciamos, nossa falta de esperança nos faz percebê-lo como um poço, dentro do qual tudo não tem sentido.


Por isso, às vezes, com a morte de um familiar ou a separação de um casal, acreditamos que não conseguiremos mais encontrar uma maneira de nos sentirmos bem, de sermos felizes e de seguirmos em frente. Acreditamos que após este fim não haverá mais emoções, nem experiências. Apegamo-nos tanto a essas pessoas e aos acontecimentos que convivemos com elas que acreditamos não ter mais oportunidades. Este não é o caso. Para compreendê-la, porém, é preciso abraçar a dor, vivenciá-la e, por fim, aceitá-la para seguir em frente.


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