Escolhendo um parceiro e amor próprio

Escolhendo um parceiro e amor próprio

Escolhendo um parceiro e amor próprio

Última atualização: 10 de abril de 2020

Certamente já lhe aconteceu pelo menos uma vez ouvir a si mesmo dizer “você não pode amar alguém se primeiro não aprender a amar a si mesmo”. Infelizmente, porém, amar a si mesmo não é tão fácil. Para fazer isso, devemos nos esforçar para nos conhecermos profundamente. Isso significa tomar consciência de nossas origens e de nossa história, aprender com ela e, mais difícil ainda, aceitá-la. Também devemos entender que nosso nível de autoconsciência e autoestima são fundamentais na hora de escolher um parceiro.



Embora estejamos cientes dos benefícios de amar a nós mesmos e aos outros, muitas vezes não podemos fazer isso sem antes ter feito um trabalho sobre nós mesmos, observando modelos que nos permitem distinguir os diferentes vínculos emocionais.

Segundo a pesquisa do neurologista, psiquiatra e escritor Boris Cyrulnik, é preciso tentar observar, no cotidiano, diferentes pessoas e diferentes "estilos afetivos".

Isso acontece porque observar as diferentes formas de amar nos ajuda a não associar amor, indiferença e ódio a comportamentos específicos. É uma consciência que abre nossas mentes e enriquece nossa personalidade.

“A primeira coisa que duas pessoas oferecem ao estarem juntas deve ser um sentimento de amor por si mesmas. Se você não se ama, por que eu deveria te amar?"
- F. Eu quero

Tipos de casais

Desde os primeiros anos de vida aprendemos a nos relacionar com os outros. No início, nos relacionamos com nossos pais e com o resto da família. Eles representam para nós o primeiro exemplo de um vínculo afetivo. Observamos e aprendemos com a forma como eles nos tratam e como se relacionam uns com os outros.


Pouco a pouco, nosso contexto social está se expandindo. Desde quando começamos a conhecer novas pessoas até que em algum momento nos encontramos escolhendo nosso primeiro parceiro e iniciando nosso primeiro relacionamento romântico.


Boris Cyrulnik diz que nossa infância afeta o tipo de vínculo emocional que estabeleceremos com nosso parceiro. Segundo Cyrulnik, existem diferentes tipos de casais que podemos resumir em 3 macrocategorias: casais em que um melhora o outro, casais em que um dos dois prejudica o outro e casais em que um prejudica o outro.

Os hits formados por duas pessoas que se aprimoram estão destinados a durar mais e ter uma melhor qualidade de vida, e isso vale tanto para a vida a dois quanto para a vida individual.. Essa troca de energias positivas também afeta positivamente a saúde de ambos, melhorando seu equilíbrio emocional e senso de humor. Este é o único modelo de relacionamento que realmente vale a pena experimentar.

Quanto aos outros tipos de casais, que se baseiam em se prejudicar, devemos intervir tentando melhorá-los, mudando atitudes negativas e tentando dar um novo sentido ao relacionamento, que lança as bases para um relacionamento mais saudável. Se isso não for possível, a possibilidade de ter que terminar o relacionamento deve ser considerada.

No entanto, para terminar um relacionamento às vezes precisamos nos sentir seguros, e para isso buscamos o apoio de outras pessoas. Esse fenômeno pode nos levar a procurar imediatamente um novo parceiro e, dessa forma, não tendo tido tempo para refletir sobre o que aconteceu, provavelmente cometeremos os mesmos erros.


Não somos metade de ninguém

A escolha do parceiro acontece de forma inconsciente, baseada em nossa experiência de vida, mas de acordo com o momento que estamos vivendo. Se não nos esforçarmos para melhorar e nos conhecermos melhor, não poderemos escolher o parceiro certo com quem possamos viver um relacionamento baseado no aprimoramento mútuo.


Nosso parceiro não pode atender a todas as nossas necessidades, portanto, ter essa ideia em mente e esperar que ela se torne realidade é apenas uma utopia que pode nos levar à frustração constante. No entanto, como pessoas, precisamos nos relacionar com outros homens e vivenciar diferentes tipos de relacionamentos que podem nos enriquecer.

Uma das crenças mais perigosas que podemos ter sobre relacionamentos românticos é que nos consideramos seres incompletos, que precisam de outra “metade”. Este pensamento nos levou a ter uma visão distorcida do amor, dada a sensação de que tudo pode. Abraçar essa visão é ser irrealista, ignorar as limitações que o amor pode trazer. Ao fazer isso, acabamos tendo relacionamentos baseados no vício e no medo.

"O privilégio de saber se sentir bem sozinho te dá o que há de mais precioso, de poder escolher com quem ficar."
-Anônimo-

Saber distinguir entre sofrimento e amor

nossas crenças e nossas escolhas não são apenas o resultado do que observamos em nosso ambiente. É evidente que somos influenciados por uma grande quantidade de estereótipos sociais: modelos rígidos aos quais acreditamos que o mundo se encaixa.


A mídia, alimentando-nos continuamente com esses estereótipos, assume um peso significativo em nossa forma de agir. A televisão, o cinema, a literatura nos bombardeiam com informações, mas devemos ser capazes de entender se essas informações são completas, corretas e reais. Tanto no conto de fadas do Príncipe Encantado quanto nos livros e filmes mais famosos a mesma ideia é sempre reafirmada: amor e sofrimento andam de mãos dadas.

Fazem-nos acreditar que quanto mais os membros de um casal discutem, se tratam mal, vivem um amor impossível impedido por todos, mais se amam. Por isso, acabamos ouvindo e proferindo frases como “o amor não é bonito se não for uma briga” ou “grande amor, grande dor”. E começamos a sonhar em viver amores impossíveis ou secretos, aqueles amores que olham mais para a intensidade do que para a qualidade do sentimento. Isso obviamente nos leva a escolher nosso parceiro com base nessas fantasias românticas, e não na vida real.


Mas não só isso, leva-nos a assumir um papel muito específico dentro do casal, um papel imposto que muitas vezes acaba por sufocar o nosso verdadeiro eu, os nossos verdadeiros pensamentos, sentimentos e desejos. Livrar-se desses preconceitos, rejeitar esse papel ao qual parecemos destinados é difícil, mas não impossível.

Seja feliz consigo mesmo para escolher seu parceiro

Todos esses preconceitos muito errados sobre relacionamentos românticos e outros (muitas vezes também se aplicam à amizade) podem nos levar a más decisões na escolha de um parceiro e até dependência emocional. Situação em que esquecemos que somos pessoas independentes que têm o direito de ter sua própria identidade.

Para fortalecer nosso "sistema imunológico-emocional", é necessário aprender a conhecer e amar uns aos outros, a fim de escolher o parceiro com sabedoria, focando em alguém que possa aumentar nossa felicidade. Mas antes mesmo de buscar a felicidade com os outros, é preciso encontrá-la na relação consigo mesmo.

"Quando não suportamos ficar sozinhos, significa que não apreciamos adequadamente o único companheiro que temos desde o nascimento até a morte - nós mesmos."
-Eda Le Shan-

Escolha um parceiro maduro o suficiente

É crítico tenha em mente que quando se tem um relacionamento a dois, o respeito mútuo é fundamental, e a escolha de estar junto deve ser livre, ditada pela vontade e não pela necessidade ou dependência emocional. Com essas observações em mente, entraremos em um relacionamento romântico porque preferimos estar com a outra pessoa (embora estejamos bem sozinhos), e não porque precisamos estar com alguém para preencher o vazio que temos dentro com o amor de outros.

Para estabelecer uma relação em que nos melhoremos mutuamente, devemos escolher o parceiro com o coração, mas sempre levando em consideração nossas necessidades e desejos. Para fazer isso, é preciso esforço de ambos os lados.

"É tão difícil amar a si mesmo que você prefere amar os outros."
-Marcello Macrì-

Adicione um comentário do Escolhendo um parceiro e amor próprio
Comentário enviado com sucesso! Vamos analisá-lo nas próximas horas.

End of content

No more pages to load