Esperamos que nossa alma nos alcance

Esperamos que nossa alma nos alcance

Esperamos que nossa alma nos alcance

Última atualização: 10 de outubro de 2017

Estamos com pressa, muita pressa. Somos equilibrados nas melodias tocadas pelo estresse e pela ansiedade, que por sua vez se alimentam grande quantidade de responsabilidade e pressão pesando sobre nossos ombros. Então, para nos sufocar é a passagem do tempo, acontece sem que percebamos. Tudo isso nos faz perder o contato com nosso "eu", com nossa alma. Um desapego que nos afeta negativamente.



Não percebemos que vivemos em piloto automático operado, que de alguma forma se transformou em nosso estado padrão. Em muitas ocasiões agimos por inércia, sem pensar muito e sem apreciar a atividade em questão. Assim chegamos à conclusão de que os dias não têm horas suficientes, as horas não têm minutos suficientes... e a alma não tem tempo suficiente.

Nós nos empurramos para frente com força e brio, deixando nossa consciência para trás. Não temos medo de nos perder, de abandonar nossa essência: é mais importante chegar mais cedo do que fazê-lo de uma certa maneira. Vivemos constantemente no piloto automático, o que nos impede de focar no que é mais importante: nós mesmos.

Não vamos correr, vamos deixar nossa alma nos alcançar

Convidamos você a fazer uma viagem à África e ouvir uma história.

Era uma vez, há muito tempo, um explorador que se aventurou nos mais inóspitos territórios africanos. Acompanhando-o estavam apenas seus carregadores. Todos estavam equipados com facões para que pudessem abrir caminho pela densa vegetação. O explorador tinha apenas um objetivo em mente: avançar rapidamente, custe o que custar.

Se encontravam um riacho, atravessavam-no o mais rápido possível. Se encontrassem uma colina à frente deles, eles se apressariam para não perder um minuto. A certa altura, os carregadores pararam abruptamente.



O explorador ficou surpreso, eles estavam em marcha há apenas algumas horas. Então lhe perguntou:

- Por que você parou? Você já está cansado? Estamos caminhando há apenas algumas horas.

Um dos porteiros olhou para ele e respondeu:

- Não senhor, não estamos cansados, mas estamos nos movendo muito rápido, então nossa alma fica para trás. Agora temos que esperar que ele chegue até nós novamente.

Se nos movermos rápido demais, deixaremos nossa alma para trás.

Este fascinante conto africano nos lembra do perigo de sermos deixados para trás quando queremos avançar muito rápido ou quando isso se torna nosso objetivo principal, senão o único. Concentrar nossa atenção no destino pode encurtar o tempo gasto na viagem. No entanto, este tempo tirado de nossos sentidos será a moeda com a qual pagaremos o preço de chegar primeiro.

Às vezes, a pressa também é uma desculpa para ignorar a dor que vem de nossas feridas. Nós os evitamos, não prestamos atenção neles, mas eles não param de estar presentes e nos limitando. Acreditamos que ignorá-los fará com que desapareçam. Talvez em muitos casos isso aconteça, mas em outros casos as feridas precisarão de outros cuidados, por exemplo para serem desinfetadas ou alguns pontos. Distinguir um do outro continua sendo uma expressão de inteligência emocional.

As feridas demoram a cicatrizar

Podemos ignorar nossas feridas emocionais por muito tempo, mas isso não as impedirá de deixar sua marca no cérebro. Sabemos, de fato, que todos os traumas vivenciados e tudo o que teve forte impacto emocional em nós durante a infância nos acompanha até a idade adulta. Se não olharmos para isso, se não pararmos para refletir sobre o que nos acontece para poder resolvê-lo, as feridas não cicatrizam, permanecem abertas.



Todas as experiências negativas que temos deixam uma marca neurológica profunda e continuarão a sangrar enquanto tentamos ignorá-las. Força muitas vezes não tem nada a ver com ranger os dentes e continuar. Em vez disso, tem a ver com olhar para o precipício e encontrar uma maneira de construir uma ponte que nos permita atravessá-lo.

Falamos sobre olhar a tristeza nos olhos para entender o que ela quer nos dizer, sobre encontrar uma maneira de usar a energia que as emoções negativas emanam sem prejudicar ninguém, sobre dar um respiro da ansiedade para que retome seu ritmo normal: aquela frequência onde ela pode nos ajudar e nos dar fôlego, ao invés de consumi-la.


O que acontece com a nossa alma quando não paramos e tentamos continuar como se nada tivesse acontecido? Que se o precipício for muito grande, nosso passo normal não será suficiente para superá-lo, então acabaremos caindo no vazio. Desta forma transformamos dificuldades que antes poderíamos ter resolvido por nós mesmos e em pouco tempo, em dificuldades muito sérias para as quais precisaremos de ajuda e mais tempo.

As situações que nos levam ao limite são aquelas que contêm mais ensinamentos. Mas para sair delas mais fortes, temos que olhar para dentro de nós mesmos e aprender com tudo o que vivemos.

Avaliamos nossas emoções de forma inteligente. Eles carregam uma mensagem para nós, a inteligência consiste em decifrá-la. Nossa atitude, portanto, deve ser tal que nos dê a possibilidade de fazê-lo, caso contrário, acabaremos cercados por emoções que nos farão sentir muito desconfortáveis ​​em nosso próprio ego.


Nos perdemos no mar da responsabilidade, que muitas vezes se torna um imenso tapete sob o qual escondemos nossos problemas. Avançar é importante, mas é mais importante não perder o que acontece à medida que avançamos. Apenas olhando para frente, ignorando a dor de nossa alma, perdemos nosso tempo. O mesmo tempo que foge das feridas que não fechamos e que precisam receber carinho, para não serem ignoradas.

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