Buscar a aprovação dos outros: é infidelidade?

Buscar a aprovação dos outros: é infidelidade?

Você acredita que a palavra infidelidade só se aplica a relacionamentos de casal? Você ficaria surpreso ao descobrir que todos nós provavelmente fomos infiéis pelo menos uma vez na vida. Infiéis a nós mesmos por darmos muita importância ao julgamento dos outros ou por termos esquecido quem queremos ser.

Buscar a aprovação dos outros: é infidelidade?

Última atualização: 02 de janeiro de 2021

A maioria de nós associa infidelidade com traição, perda de confiança e mentira em um relacionamento. Mas pode alguém ser infiel a si mesmo? É possível trair o vínculo afetivo estabelecido com nós mesmos? A resposta é sim. Colocamo-nos em segundo plano e não considere nossa opinião importante porque você se dedica a buscar a aprovação dos outros é uma forma de infidelidade.



Ter medo de mostrar quem somos para atender às expectativas de outras pessoas não é isento de consequências. O mais importante é esconder, trair nossa essência, é isso que nos torna únicos e irrepetível.

O que é infidelidade?

Infidelidade - do latim infidelitas - ocorre quando você não é leal a alguém ou trai sua confiança. Pode assumir muitas formas, mas a mais importante é aquela que rompe com os acordos, implícitos ou explícitos, estabelecidos imediatamente com outra pessoa.

A infidelidade, portanto, quebra o vínculo de confiança entre duas pessoas, derrubando um dos pilares mais importantes sobre os quais se baseia um relacionamento. É neste ponto que se começa a sentir insegurança, medo, irritabilidade, instabilidade emocional ou rejeição.

Um relacionamento saudável precisa de ingredientes como apoio, confiança, proteção, segurança e, sobretudo, aceitação incondicional de si mesmo e do outro. Se você seguir bem esta receita, o bolo ficará delicioso.


Buscar a aprovação dos outros, uma forma de infidelidade

Embora a infidelidade seja uma dimensão geralmente ligada ao casal, ela certamente pode ser transportada na esfera pessoal, na relação que temos com nós mesmos. Ficaríamos surpresos com quantas vezes nos ignoramos, ofuscados ou envergonhados de nós mesmos, porque estávamos procurando a aprovação dos outros.


A autoconfiança é uma qualidade difícil de desenvolver, especialmente quando estamos em constante luta conosco mesmos ou quando queremos nos modelar de acordo com as expectativas dos outros. Essa necessidade será muito mais forte se tivermos medo de ser rejeitados. Muitas pessoas são capazes de se anular completamente ao invés de se sentirem como se fossem.

Neste caso buscar a aprovação dos outros torna-se uma prioridade que esvazia nossos valores ou nossas emoções de toda importância. Assim somos infiéis a nós mesmos, aos nossos gostos e ideais; cultivamos a semente da insegurança, da qual deriva um questionamento constante sobre quem somos e quem queremos ser.

"Um homem que não encontra satisfação em si mesmo irá buscá-la em vão em outro lugar."

- La Rochefoucauld -

Um sentimento de culpa e um desejo de buscar a aprovação dos outros

A infidelidade é um jogo perigoso: quanto mais consentimos, mais aumenta o desejo de buscá-la; ao mesmo tempo, porém, nos sentimos culpados por ter deixado de lado nossos princípios. Não é estranho que obter oa aprovação dos outros leva a um aumento exponencial da auto-estima e da felicidade. Mas é uma felicidade de curta duração.


O consentimento funciona como as ondas do mar: a princípio gera uma sensação de satisfação, logo depois a tira. É por isso que é tão importante lançar uma âncora dentro de si mesmo. Porque o que sempre permanecerá estável é a nossa essência.

O que nos leva a considerar o julgamento dos outros mais importante do que o nosso?

O ingrediente essencial para estabelecer ou manter um vínculo é a aceitação de si mesmo e da outra pessoa. O problema é que geralmente o vínculo é entendido como uma relação com o outro. Esquecemos que a primeira pessoa com quem devemos poder entrar em um relacionamento somos nós. 



Aceitar quem somos ou o que queremos, levando em conta o possível desalinhamento com o que o mundo nos pede, é a base da autoconfiança, o pilar em que podemos nos apoiar para nunca nos trair.

Nós e nosso personagem

Quando somos vítimas de infidelidade, tudo em que acreditávamos e nossos planos desmoronam. De repente, a realidade racha e a desconfiança surge como resultado da decepção em um futuro que deixou de existir. Portanto, é normal sentir-se perdido.

Isso também pode acontecer quando começamos a tomar consciência da traição que fizemos a nós mesmos; nos sentimos perdidos, não sabemos o que fazer ou qual direção tomar. Assumimos o papel de um personagem fictício por tanto tempo que o próprio pensamento de retornar a nós mesmos nos paralisa.

Já não sabemos o que realmente queremos, se o nosso comportamento responde à nossa iniciativa ou às expectativas dos outros. É como uma luta entre o personagem que inventamos e nossa verdadeira essência; uma batalha difícil que, se bem conduzida, pode trazer bons resultados.


Nós nos tornamos o que somos apenas a partir da rejeição total e profunda do que os outros fizeram de nós.

- Jean Paul Sartre -

Só porque é difícil não significa que seja impossível. Fazer as pazes com nossa identidade reprimida é mais fácil do que fazer as pazes com outra pessoa. Afinal, quem nunca nos decepciona é a nossa essência. Então, vamos dar as mãos e aceitar uns aos outros, assim como aceitamos os outros.

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