Última atualização: 10 setembro, 2022
Vivemos em uma sociedade que nos vê cada vez mais independentes e na qual passamos mais tempo contando as curtidas recebidas no Facebook ou o número de nossos amigos virtuais, do que com um amigo conversando ou tomando um café. A verdadeira amizade é muito mais do que uma curtida em uma rede social.
Quase parece que a amizade se tornou mais frágil, mais fácil de estabelecer e de destruir. Se não gostamos de alguém ou de repente não gostamos dele, bloqueamos no Facebook ou WhatsApp e nos esquecemos dele. O número de amigos ao longo da vida continua a diminuir, as nossas amizades estão ligadas a uma atividade ou a uma área específica da nossa vida (trabalho, desporto…). A verdade é que das amizades verdadeiras, das de carne e osso, restam muito poucas.
"A amizade é como a música: duas cordas igualmente afinadas vibram juntas, mesmo que você toque apenas uma."
-Francisco Quarles-
O conceito de amizade, sem dúvida, mudou com o advento da tecnologia, pois podemos definir qualquer um como amigo, mesmo sem conhecê-lo. Internet, smartphones e todos os aplicativos existentes no mercado levaram ao desenvolvimento de uma nova forma de se relacionar e um novo conceito de amizade.
Como escolhemos amigos
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), mostrou que as semelhanças genéticas dos humanos não dizem respeito apenas a seus familiares, mas as amizades também são escolhidas com base no DNA.
Estudiosos analisaram as semelhanças genéticas e a conexão entre alguns indivíduos, referindo-se a dois estudos independentes de saúde, contendo informações detalhadas referentes a algumas sequências do genoma dos indivíduos envolvidos e suas redes sociais.
"Ser honesto pode não te dar muitos amigos, mas vai te dar os certos."
-John Lennon-
Alguns marcadores genéticos específicos foram identificados nas relações sociais de um indivíduo, descobrindo assim que o homem faz amizade com as pessoas com quem compartilha dois dos seis marcadores avaliados.
Outro aspecto interessante da pesquisa é o fato de que tendemos a escolher como amigos ou parceiros pessoas que nos complementam. Em outras palavras, também nos sentimos atraídos por pessoas com genes que marcam características que nos faltam.
A verdade sobre a amizade
Existem muitas crenças comuns sobre amizade, como a existência de uma ligação especial com os nossos amigos, o facto de não haver amizade entre homem e mulher, de que as relações de casal levam ao descaso dos amigos, de que a amizade faz bem à saúde...
Em outras palavras, estamos acostumados a acreditar em uma variedade de crenças sobre amizade que podem ou não ser verdadeiras. Aqui estão algumas verdades científicas sobre amizade diretamente relacionados a essas crenças.
Amizade entre homem e mulher não existe
Todos vocês vão se lembrar da famosa cena do filme "Quando Harry conheceu Sally", em que o protagonista argumenta que a amizade entre homens e mulheres não pode existir, porque o sexo sempre atrapalha mais cedo ou mais tarde.
Um estudo realizado em 2012 e publicado no Journal of Social and Personal Relationships, dirigido por April Bleske-Rechek, professor de psicologia da Universidade de Wisconsin, concluiu que os homens superestimam mais facilmente as possibilidades de evolução romântica do relacionamento do que as mulheres.
O estudo também provou que os homens tendem a se interessar sexualmente ou romanticamente por seus amigos, independentemente de terem ou não um parceiro. A atração é considerada um impulso, embora tenda a desaparecer com o passar dos anos.
"Há algo entre nós que é melhor que o amor: é a cumplicidade."
-Marguerite Yourcenar-
Ter um parceiro nos distancia de nossos amigos
Um estudo sobre o efeito que as relações de casal têm sobre os amigos, realizado por Robin Dunbar, professor de antropologia evolutiva de Oxford, mostrou que o grupo de amigos íntimos de quem inicia um relacionamento, ao invés de ser composto por quatro pessoas (como é usual ), é composto por quatro elementos - um dos quais é o parceiro.
Isso significa, portanto, que o centro das atenções passa a ser o parceiro, a quem mais tempo e dedicação são dedicados, separando duas pessoas, geralmente um amigo e um membro da família.
O amor nos tira o tempo e nos leva a passar cada vez mais momentos com nosso parceiro, e quando o vínculo afetivo com os amigos é negligenciado, os contatos não são mantidos e não nos vemos, isso inevitavelmente acaba se deteriorando.
A amizade faz bem para a saúde
A pesquisa de longevidade realizada no Centro de Estudos de Envelhecimento da Flinders University em Adelaide, Austrália, envolvendo pessoas com mais de 70 anos, levou à conclusão de que as relações com um bom grupo de amigos aumenta a longevidade em comparação com as relações familiares.
Ter amigos não é bom apenas para o nosso humor, mas também para o nosso corpo. De fato, pessoas com um grande círculo de amigos desfrutam de pressão arterial mais baixa, sofrem menos de estresse, têm defesas mais fortes e vivem mais. Amigos ajudam a superar doenças e, mais importante, trazem satisfação e felicidade.
